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Estas cidades usam a arquitetura para combater enchentes e os projetos são sensacionais

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Algumas cidades mundo afora já estão tomando a iniciativa de usar a arquitetura contra inundações

Todo verão é a mesma coisa. É o período mais chuvoso do ano no Brasil, sobretudo nas regiões sudeste e centro-oeste. Os temporais desta época do ano são tão previsíveis quanto suas consequências nas cidades brasileiras, grandes médias e até pequenas.

Enchentes, deslizamentos, prejuízos e mortes. O cenário de uma tragédia anunciada que sempre acontece. No Brasil, entretanto, parece que as autoridades não tem a preocupação devida para resolver – ou ao menos amenizar – tais problemas. Seja como for, nós como arquitetos e urbanistas sabemos o quão complexa é esta tarefa. A magnitude do problema é histórica e envolve fatores que vão desde a urbanização precária e caótica, desigualdades sociais até interesses políticos e econômicos.

Porém, do lado inverno desta moeda, algumas cidades do mundo estão utilizando justamente a arquitetura para resolverem o mesmo problema. Afim de se precaverem das mudanças climáticas, resultantes do aquecimento global, cidades em diversos países recorrem a projetos urbanísticos e de infraestrutura para se tornarem resilientes e seguras.

Acima de tudo, sabemos que uma das funções mais importantes de arquitetos e urbanistas é a de procurar respostas que possam minimizar ou até reverter as consequências destes fenômenos. Compete a nós e cabe ao poder público traçar diretrizes e instrumentos para que isto seja colocado em prática.

Confira, então, algumas cidades que usarão a arquitetura contra inundações:

Boston, Estados Unidos

A cidade da costa leste americana apresentou um ambicioso projeto de renovação urbana. A iniciativa é uma parceria entre o governo local e os arquitetos do escritório SCAPE e  faz parte do Imagine Boston 2030. Desse modo, o objetivo principal da proposta é o de preparar a cidade na próxima década, construindo infraestruturas ao longo dos eixos de inundação mais vulneráveis da cidade.

Assim sendo, o projeto procura criar uma série de paisagens elevadas, parques à beira-mar, edifícios adaptados à enchentes e a revitalização da orla marítima.

“Não estamos apenas preocupados com a próxima enchente. Estamos planejando a cidade para os desafios que a próxima geração deverá enfrentar. Quando o projeto estiver pronto para encarar os desafios do futuro, a cidade tornar-se-á um exemplo de resiliência e visão de futuro, transformando-se em um ícone de combate às mudanças climáticas para outras cidades do nosso país e do mundo.” – Martin Walsh, prefeito de Boston.

Copenhague, Dinamarca

A capital dinamarquesa lançou um projeto piloto chamado de Climate Tile. É mais um projeto de arquitetura contra inundações. Criado pela THIRD NATURE, a IBF e a ACO Nordic é uma experiência com calçadas que absorverão a água das chuvas.  Com isso, além de prover uma cidade mais resiliente às mudanças climáticas, ainda permitirá uma paisagem urbana bonita a adaptável.

O Climate Tile reintroduz o circuito de água natural na cidade através de um processo simples que gerencia a água da cidade. As futuras calçadas coletarão e manejarão a água, contribuindo para o crescimento de uma natureza urbana e um microclima melhorado. Assim, o calçamento gera valor agregado para os cidadãos e eleva o nível de qualidade de vida e a saúde geral dentro da cidade. O projeto é visto como uma solução inclusiva que funciona em conjunto com estradas, ciclovias, sinalização, mobiliário urbano, praças urbanas e natureza urbana.

Hamburgo, Alemanha

O projeto não é tão recente, visto que foi elaborado no início da década de 90. Porém prevê a reurbanização de mais de 150 hectares nesta que é a principal cidade portuária alemã e uma das maiores do país. HafenCity o bairro onde majoritariamente a iniciativa foi concebida a uma altura de até dez metros em relação a áreas que possivelmente sofrerão alagamentos e oito metros cima do nível do mar.

Hafencity vai além de um simples projeto de cidade resiliente. É um projeto de urbanização sustentável que visa construir uma cidade bastante diferente dos moldes as quais conhecemos atualmente.

Nova York, Estados Unidos

Uma das maiores e mais cosmopolitas cidades do planeta também sofre com alagamentos, principalmente no período de tempestades e furacões. Em 2012, por exemplo, com a passagem do furacão Sandy, 17% das ruas ficaram inundadas e 40 pessoas morreram. No entanto, prevendo que este cenário tende a ficar ainda mais recorrente, a prefeitura anunciou, em 2019, investimentos da ordem de US$ 10 bi. Os projetos de arquitetura contra inundações incluem ampliação de áreas verdes permeáveis, além de um sistema de barreira removíveis que poderão ser utilizadas em situação de emergência. Além disso, o nível das ruas próximas ao East River serão elevadas.

Segundo o prefeito Bill de Blasio, será uma transformação drástica para salvaguardar a cidade ao menos até o ano de 2100.

“Um dos mais complexos desafios ambientais e de engenharia já empreendidos na cidade de Nova York, algo que mais cedo ou mais tarde, irá alterar definitivamente as formas da nossa ilha como conhecemos hoje.” – Bill de Blasio.

Em sua primeira etapa, a prefeitura estabelecerá um processo participativo. Com o intuito de envolver a comunidade local, haverá discussão dos estudos e a proposição de novas soluções de planejamento urbano junto à população.

Ainda em Nova York, no bairro do Brooklyn, os escritórios BIG e a Field Operations desenvolveram em conjunto um projeto que combina empreendimentos de uso misto e um parque resistente a inundações. De acordo com os arquitetos autores da proposta, o plano diretor visa restabelecer os habitats naturais. Além disso, será possível elevar o padrão e a resiliência urbana á beira-mar e com isso transformar a relação de interação dos habitantes com o East River.

Faaborg, Dinamarca

Uma cidade costeira, sendo uma das mais ameaçadas pelas futuras inundações. O aumento do nível dos oceanos preocupa seriamente Faaborg e seus moradores. Pensando nisso, o arquiteto Kjellander Sjöberg desenvolveu um projeto que remodifica a parte medieval e uma antiga área industrial da cidade.

A proposta é a de criar um novo e grande canal aberto. Assim sendo, a água fluirá de forma rápida e sem interrupções de volta ao mar com a finalidade de proteger o centro medieval da cidade. Mais um exemplo sobre como utilizar a arquitetura contra inundações.

Seul, Coreia do Sul

Uma das mais vibrantes e populosas metrópoles mundiais! No entanto, também está passível de sofrer os efeitos de enchentes e inundações. A capital sul-coreana é cortada por um caudoloso rio – o Cheonggyecheon que por muito tempo ficou tapado por avenidas e vias expressas. Consequentemente, o pensamento atual em Seul é de que a água precisa de mais espaço na cidade. Por muitos séculos, rios, várzeas e áreas úmidas protetoras foram ocupadas com o crescimento urbano.

A cidade criou um sistema em que, implantado sob o nível das ruas, amplia a capacidade de vazão durante as recorrentes enchentes durante a época chuvosa. Por outro lado, na maior parte do ano, ele serve como um grande e agradável espaço verde! Em outras palavras, Seul conseguiu dispor de um mecanismo público para o deleite de seus moradores.

Hoboken, Estados Unidos

A cidade foi fortemente atingida pelo furacão Sandy, em 2012. Enchentes devastadoras fizeram com que a preocupação em remodelar o ambiente urbano se fizesse necessária. Assim, por meio da parceria com o escritório OMA, foi desenvolvido um ambicioso projeto de arquitetura contra inundações. Isto é, um projeto capaz de “resistir, retardar, armazenar e descarregar” a água das possíveis inundações provenientes de episódios catastróficos como este.

A proposta, além de apresentar estruturas pesadas com esta finalidade – a de resistir a furacões – também insere um novo desenho urbanístico. O projeto urbanístico é leve e com um paisagismo gracioso. Além disso, contará com um grande circuito verde com parques permeáveis para o centro da cidade.

Veneza, Itália

Esta famosa e milenar cidade italiana, abaixo do nível do mar, é conhecida mundialmente por seus canais . Inclusive, isto é o motivo de ser uma das cidades mais visitadas do planeta. Porém, Veneza é também uma das cidades mais sensíveis às mudanças climáticas. Tanto que, em 2019, sofreu uma das enchentes mais severas de sua história. E para isso, precisa estar aliada à arquitetura contra inundações.

Como resposta a isso, desde 2003 a cidade vem desenvolvendo um sistema chamado MOSE. O projeto conta com 78 comportas submersas e ancoradas por quatro grandes elementos retráteis. No entanto, a ideia que custa bilhões de dólares sofre diversas críticas. Dentre as maiores críticas estão a preocupação com a eficácia, assim como custos, corrupção, atrasos e possibilidade de aumentar a poluição e altere o fluxo dos esgotos.

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Via: Arquitetura contra inundações: conheça diferentes projetos – 44 Arquitetura

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