Das poucas edificações oitocentistas que restam na antiga Rua da Liberdade, atual Barão do Rio Branco, destaca-se, pela sua arquitetura, o prédio que sediou por muitos anos o governo do Paraná.
Construído no último quartel do século XIX pelo engenheiro de origem italiana Ernesto Guaita para seu colega de profissão Ignacio Weiss, a quem se atribui participação na concepção do projeto, foi adquirido em 1890, juntamente com seu mobiliário, pela Fazenda Nacional, passando em 1901 à propriedade definitiva do estado do Paraná, que ali teve suas sede governamental de 1892 a 1938.
Após esta data ali se instalou e permaneceu durante mais de trinta anos a Secretaria do Interior e da Justiça. Assim como as demais obras de Guaita, segue essa casa o ecletismo de gramática neoclássica através do partido simétrico e de um vocabulário greco-romano.
A Construção
Sua implantação, no alinhamento da testada mas afastada dos demais limites do terreno, e seu porte monumental expressam um partido arquitetônico presente, na época, apenas nas edificações mais nobres da cidade.
O acesso principal faz-se por uma porta central, mas lateralmente há dois portões, dispostos nas extremidades da fachada, sendo que o da direita dá para uma galeria, em arcadas, aberta para o quintal. Ladeiam a porta principal e a separam dos portões laterais duas séries de três janelas.
A fachada do pavimento superior, originalmente era perfeitamente simétrica, formada por um conjunto de três portas dispostas entre dois pares de janelas. Atualmente, porém, como resultado de uma das inúmeras modificações sofridas pelo monumento, o lado direito do andar superior estende-se sobre a galeria, ampliando para três os vãos de janelas e rompendo, dessa forma, a simetria da composição.
O elemento de destaque da fachada é o balcão de guarda-corpo abalaustrado sustentado por quatro modilhões, para o qual se abre o conjunto de três portas do andar superior. Seguindo a linha de arquitetura neoclássica, o arremate superior do monumento é uma platibanda, sublinhada por cimalha, vazada por balaustres de massa – similares aos do balcão – e ornamentada por jarros do mesmo material.O paramento das paredes externas possui revestimento à bossagem.
Todos os vãos externos são em arco pleno, possuindo as janelas do sobrado sobreverga em frontão curvo e a do térreo chave de arco ornamentada com “máscara” de figura humana. Quatro colunas da ordem coríntia balizam o conjunto das três portas contribuindo pala conferir caráter nobre ao edifício.
O Interno
Internamente foi a casa bastante alterada em sucessivas adaptações de uso. Como ocorreu em prédios contemporâneos, e assemelhados a ele, como o atual Solar do Barão e o Palacete Leão Júnior, ou aqueles de mesma autoria de Ernesto Guaita, como a Câmara Municipal, somente uma restauração poderá trazer à luz acabamentos internos de valor artístico encobertos em formas insensatas.
Contudo, alguns sinais de uma riqueza de tratamento interno correspondente ao nível da composição do exterior são perceptíveis, como o arco abatido ladeado por colunas coríntias do salão superior, os frisos pintados com motivos florísticos e a escada em dois lances do acesso principal ao pavimento superior.
DADOS
Localização: Rua Barão do Rio Branco, 399.
Data da construção: 1870-1890.
Autor do projeto: Engenheiro Ernesto Guaita.
Proprietário: Governo do Estado do Paraná.
Tombamento estadual: Processo nº 60/77. Inscrição nº 59.
Data: 20/06/1977.
VIA: Espirais do tempo
JERA Arquitetura e Engenharia – contato@jera.site
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