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Arquitetura para idosos: projete para garantir qualidade de vida

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Descubra os pontos mais importantes da arquitetura para idosos e veja como projetar ambientes seguros, funcionais e confortáveis!

A nossa população envelhece.

Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que 20% dos brasileiros têm mais de 60 anos. Por isso, a arquitetura para idosos é muito importante.

Afinal, é preciso garantir que essas pessoas tenham ambientes seguros, funcionais e confortáveis para viverem, de acordo com suas necessidades.

Apesar desses números, nem todos sabem exatamente como as construções devem ser adaptadas para idosos. 

Esse é o seu caso? Então, veja as informações interessantes que reunimos!

Qual é a importância da arquitetura para idosos?

Você sabia que a arquitetura pode contribuir para as pessoas viverem mais?

Esse foi o mote principal da equipe dos japoneses Arakawa e Gins, que idealizaram a Bioscleave House, um projeto de casas capazes de prolongar a vida dos moradores.

Para isso, as construções têm algumas particularidades: as paredes interiores e exteriores dos quartos foram pintadas em blocos de cores vibrantes, as janelas foram colocadas em alturas inesperadas e a cozinha e o refeitório são rodeados por pisos íngremes e irregulares.

A proposta era conceber um espaço que mantivesse as pessoas sempre ativas, recebendo estímulos o tempo todo e tendo seus sentidos desafiados.

Assim, o corpo teria que se reconfigurar, de modo a fortalecer o sistema imunológico.

Embora essa seja uma ideia diferenciada, a verdade é que a arquitetura tem um papel importantíssimo na qualidade de vida.

E, conforme envelhecemos, necessitamos de ambientes que compreendam nossas novas necessidades e ofereçam segurança, funcionalidade e aconchego.

Nesse sentido, o arquiteto ganha protagonismo, pois pode projetar espaços que promovam a integridade física e emocional das pessoas, incluindo os idosos.

O assunto é tão importante que a arquitetura inclusiva foi revisada pela ABNT, com mudanças em algumas normas técnicas — especialmente a NBR 9050, que aborda projetos arquitetônicos e urbanos e demonstra a importância da inclusão social.

Quando todos os seus pontos são considerados, é possível evitar problemas como acidentes domésticos, responsáveis por um grande número das hospitalizações dos idosos, além de oferecer mais bem-estar com pequenas adaptações que favoreçam, por exemplo, a visão e a locomoção.

Quais são os principais pontos de atenção?

Já está claro o quanto a arquitetura para idosos é importante? Separamos algumas orientações que você deve aplicar nos seus próximos projetos.

Iluminação

É comum que os idosos sofram com problemas de visão. Por isso, uma casa que favoreça a luz natural será mais confortável para eles.

O ideal é que portas e janelas sejam amplas, oferecendo o máximo de luz para a parte interna.

As paredes e os pisos devem ser em tons claros, ajudando a deixar tudo mais iluminado.

O projeto de iluminação artificial também deve ser bem elaborado.

Além dos lustres principais, é essencial inserir pontos extras, como spots nos corredores e locais com maior circulação.

Outra ideia bacana é incluir uma iluminação indireta na altura do rodapé para facilitar a locomoção durante a noite, por exemplo, para beber água na cozinha ou usar o banheiro.

Ainda em termos de iluminação, vale a pena investir em sensores de presença, que acendem as luzes quando alguém entra no ambiente e as desligam quando a pessoa sai do espaço.

Isso é interessante para os idosos com problemas de memória, que podem se esquecer de acender as luzes quando entram nos cômodos, causando acidentes.

Independentemente do projeto, é importante que a iluminação seja uniforme e não deixe áreas de sombras.

Cores

Não existem regras quanto ao uso de cores. No entanto, é comum que as pessoas percam a noção de profundidade com a idade.

Por isso, uma dica é usar tons que sejam contrastantes nas superfícies, como nas paredes e no piso, de modo a ajudar na visualização no dia a dia.

Automação

A tecnologia é uma grande aliada da arquitetura para idosos e marca presença para tornar a rotina mais prática.

Em uma casa automatizada, é possível ajustar a iluminação, o clima, a irrigação do jardim e muitas outras coisas a distância, sem precisar se levantar ou se locomover.

Se os idosos moram sozinhos, as pessoas próximas podem monitorar o que acontece dentro e fora do imóvel via aplicativos, tornando mais fácil socorrê-los em caso de problemas.

Portas

As portas das casas dos idosos devem ser mais largas, permitindo a passagem com o auxílio de um andador ou uma cadeira de rodas, por exemplo. 

O ideal é deixar um espaço de cerca de 90 cm. Mas se isso não for possível, o mínimo recomendado é 80 cm.

Desníveis, escadas e obstáculos

Desníveis, escadas e obstáculos devem ser evitados. 

As escadas pequenas podem ser substituídas por rampas. Caso isso não seja possível, é muito importante sinalizá-las adequadamente.

As escadas precisam ter, obrigatoriamente, piso antiderrapante e corrimão firme, em uma altura de 90 cm. 

É possível encontrar corrimãos específicos para idosos, que devem ser usados em conjunto com uma barra.

Outra ideia é instalar um elevador nas casas com dois ou mais andares. 

Os elevadores residenciais podem ser adaptados para cadeirantes; assim, facilitam a locomoção dos idosos que usam muletas, andadores ou cadeira de rodas.

Em áreas de circulação nas quais é preciso percorrer uma longa distância — como os corredores compridos —, é fundamental incluir um espaço para descanso.

Outro ponto de atenção é manter esses locais completamente livres de obstáculos, como móveis, objetos baixos, fios soltos, brinquedos etc.

Tapetes e pisos

Os tapetes são muito problemáticos nas casas dos idosos, porque podem favorecer as quedas. Mas não é preciso abrir mão deles; basta optar por versões antiderrapantes.

Na sala, por exemplo, o tapete pode ser instalado embaixo do sofá com as pontas fixadas com fitas antiderrapantes.

Em relação ao revestimento para o piso, opte por opções com maior atrito, que ajudem a evitar escorregamentos. 

Se for usar um porcelanato, prefira as alternativas com acabamento natural. Evite as polidas, que são mais escorregadias.

Móveis

O ideal é optar por móveis com cantos arredondados. Assim, caso o idoso esbarre neles, não se machucará. 

Outra dica é fixar objetos nas paredes ou no piso que ofereçam a possibilidade dele segurar, para evitar quedas.

O sofá é um móvel que merece atenção. Evite modelos que afundam quando sentamos, porque podem ser mais difíceis para o idoso se levantar. 

Prefira um produto com uma estrutura firme, que ofereça apoio e segurança. Almofadas rígidas também são ideais, pois o ajudam a se acomodar melhor.

Os armários e as prateleiras devem ser instalados de acordo com a altura do idoso. Dessa forma, ele não precisará se esticar ou subir em escadas ou banquinhos para alcançar os objetos.

Nas áreas de trabalho, é importante que a superfície seja clara, já que as escuras dificultam enxergar pequenos itens.

Se for possível, opte por armários abertos — como guarda-roupas com portas de vidro, que facilitam a visualização de tudo o que está no interior.

Como projetar ambientes seguros, funcionais e confortáveis para idosos?

Agora que você já viu as principais orientações, confira algumas dicas para cada cômodo da casa de um idoso.

Banheiros

O banheiro é um ponto de atenção na arquitetura para idosos. O piso desse cômodo precisa ser antiderrapante, e não apenas no box. 

Também é importante instalar barras de apoio no lavatório e na bacia.

Aliás, essa última deve ser de um modelo um pouco mais alto que o padrão, ajudando o idoso a se levantar com facilidade.

Outra dica é incluir um banquinho dentro do box, o que ajuda o idoso com dificuldade de locomoção.

Se ele for cadeirante, opte por espelhos inclinados, que facilitem a visualização.

A porta do banheiro deve abrir para fora, porque caso o idoso sofra uma queda, o peso do corpo dele não impedirá que outra pessoa entre para ajudá-lo.

Cozinha

A cozinha também é importante na arquitetura para idosos.

Primeiramente, como se trata de uma área úmida, é essencial usar pisos antiderrapantes.

As bancadas devem ter altura entre 80 a 95 cm — assim, se desejarem, os idosos poderão executar as atividades sentados.

No caso daqueles com Alzheimer, você poderá colar etiquetas que informem quais objetos estão dentro de cada armário.

Afinal, devido aos problemas de memória, eles podem ficar confusos, tentando lembrar onde colocaram cada item. Esse detalhe poupa tempo e reduz o estresse.

Outra dica é incluir um fogão por indução e um sensor de fumaça, prevenindo acidentes como queimaduras e incêndios. 

Quarto

No quarto do idoso, a mesa de cabeceira deve ficar no nível do colchão, de modo a evitar batidas desnecessárias.

Outra dica é usar arandelas em substituição aos abajures, deixando a superfície desse móvel mais livre e evitando acidentes.

A altura da cama depende da estatura do idoso.

O recomendável é que, ao se sentar, os pés dele encostem no chão e as pernas formem um ângulo de 90 graus. Já o colchão precisa ser firme.

Se possível, inclua ao lado da cama um telefone e uma campainha para que ele consiga pedir ajuda rapidamente, caso seja necessário.

O interruptor para acender a luz e os pontos de tomada devem estar próximos à cama, trazendo mais funcionalidade ao dia a dia.

Além de todas essas dicas, vale a pena adicionar uma área verde ou alguns vasos de plantas em locais estratégicos, para que o idoso mantenha proximidade com a natureza.

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Via ArchTrends Portobello (https://archtrends.com/blog/arquitetura-para-idosos/)

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