Criada em 1998, a norma autoriza o uso dos vidros temperados, laminados ou do vidro temperado com película de segurança
A administradora Silvia Colodel costumava deixar a banheira de seu filho próxima ao boxe de vidro do banheiro. Ele, com dois anos na época, gostava de brincar no banho, enquanto a mãe pegava a toalha e as roupas para ele vestir. Mas no início de novembro do ano passado o vidro temperado do boxe do banheiro quebrou, e o estouro foi assustador.
“Foi muito rápido, tinha muito sangue e estilhaços. Saí correndo e tirei ele na hora. Vi que eram cortes superficiais no braço e na perna, mas sangrou tanto. Acho que a sorte é que naquele dia, não sei porquê, achei melhor deixar a banheira mais perto da parede, longe do vidro”, relembra a mãe.
Os acidentes domésticos envolvendo vidros de boxe de banheiros são muito comuns e as causas são variadas. A quebra pode ser resultado de rachadura e lascas na superfície ou impactos sofridos pelo vidro, que acumula essas tensões até chegar ao limite e quebrar, sem necessariamente haver um contato.
Foi o que aconteceu com a pedagoga Lidiane Reis Guedes. “O vidro estourou do nada. Era umas 23h e eu já estava dormindo. Até achei que fosse na sala. O boxe começou a rachar, empurrei e estourou no chão”, conta.
Para evitar as quebras, Clélia Bassetto, analista de Normalização da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro), recomenda que o boxe deve ser bem instalado e passar por manutenções preventivas anuais, realizada pelas vidraçarias.
Entretanto, essa informação não é conhecida por todos os usuários. “Levei um susto enorme quando o boxe quebrou. Quando vieram montar, ninguém falou que o vidro precisava de manutenção, eu não fazia a menor ideia. Agora, meu boxe tem película para ser mais seguro porque tem duas crianças pequenas aqui em casa”, conta a fotógrafa Elenice Mioranza de Moraes.
Normas técnicas
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui mais de 30 normas para o setor vidreiro e para evitar acidentes com vidros dos boxes, existem referências técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Planos para utilizá-los com segurança. Chamada de “ABNT NBR 14207 – Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança” a norma contém uma tabela com as espessuras recomendadas para os vidros utilizados, sejam eles fixos ou móveis, em função das dimensões, do tipo de vidro e da forma de aplicação.
A norma existe desde 1998 e foi atualizada em 2009. Ela permite a utilização dos vidros temperados, laminados ou do vidro temperado com película de segurança.
De acordo com Paulo Roberto Mola, proprietário da Fábrica do Box, os vidros temperados devem ter 8 milímetros de espessura. Já o laminado possui dois vidros de 4 milímetros cada com uma camada plástica entre eles. “Mas é raro alguém pedir o laminado, é quase uma pessoa em mil. Eu acho o vidro laminado ideal porque se quebrar, fica grudado no plástico, ao contrário do temperado, que quebra em vários pedacinhos”, explica Mola. Porém, Bassetto ressalta que as espessuras são recomendações, não há obrigatoriedade em usá-las.
Entenda as diferenças
O vidro temperado é um dos vidros de segurança mais utilizados. De acordo com Clélia Bassetto, o temperado tem como vantagem a maior resistência mecânica e a efeitos térmicos. “A temperatura aumenta em até cinco vezes a resistência mecânica original do vidro, trazendo outra vantagem: no caso de quebra, o temperado se estilhaça em pequenos pedaços não pontiagudos”, explica.
Já o vidro laminado reduz o risco de ferimentos em caso de quebra. Bassetto conta que ele é composto por duas ou mais chapas de vidro intercaladas com uma camada intermediária. “No caso de quebra, o vidro não se desprende do boxe devido à forte adesão a essa camada”.
Outra opção é o vidro temperado com película de segurança. A película deve ser aplicada antes da instalaçãopara que a parte do vidro que está presa na estrutura também receba a película. “O fabricante da película deve garantir que, em caso de quebra, seja permitido pelo menos um movimento de abrir e fechar da porta e os fragmentos devem permanecer presos à estrutura de fixação por no mínimo duas horas, conforme determinado pela norma técnica”, orienta Bassetto.
Em casos de acidentes
Clélia Bassetto ressalta a importância em acionar a empresa que instalou o boxe caso haja acidentes envolvendo o vidro, para que seja feita uma avaliação do que possa ter provocado a quebra. A analista também informa sobre a possibilidade de registrar com fotos como o vidro quebrou, para auxiliar na identificação da causa. Além disso, guardar os fragmentos para que seja possível verificar se o vidro estava dentro dos padrões mínimos de qualidade. “A manutenção preventiva é uma ação importante para evitar acidentes”, alerta a especialista.
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Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/haus/imoveis/abnt-tem-normas-que-podem-impedir-acidentes-com-boxe-de-banheiro/
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