As pedras encontradas no mercado de construção são muito valorizadas e conferem estética sofisticada aos projetos de decoração. Existem as naturais e as sintéticas, produzidas de forma industrializada. No entanto, cada tipo tem particularidades e aplicações de uso. Conversamos com profissionais da área para esclarecer as diferenças. Confira!
Pedras naturais x sintéticas
Segundo a arquiteta Patricia Penna, responsável pelo escritório Patricia Penna Arquitetura & Design, as pedras naturais são encontradas em jazidas resultantes de processos naturais de formação desde o desenvolvimento da crosta terrestre. Em relação às sintéticas, Olívia Orlandine, diretora de compras da VM Stone, diz que vale a pena explicar sobre as terminologias do mercado de construção.
“Quando falamos em pedra natural e sintética, podemos estar abordando esmeraldas, rubis, diamantes e afins, que existem de forma rara no meio ambiente, mas que passaram a ser fabricadas de forma sintética em laboratórios. No caso da construção, é mais comum aplicarmos o termo sinterizado do que sintético, pois descreve melhor a forma de fabricação”, explica.
A pedra sinterizada tem alguns sinônimos, como lâmina ultracompacta ou porcelanato técnico de alto desempenho, mas comunicam o mesmo produto: as lâminas sinterizadas. “Neste processo de fabricação, os revestimentos sintéticos são compostos feitos a partir de minerais extraídos da natureza, como o quartzo, ‘misturados’ a elementos sintéticos, formando materiais que, em aspecto e resistência, aparentam muitas vezes às pedras naturais”, diz Patricia.
Tipos de pedras naturais
Como este tipo de pedra é extraído de jazidas provenientes de sua formação na natureza, têm grande variação estética, com muitas características particulares e, por essa razão, com muita beleza e funcionalidade para uso na arquitetura e decoração.
Exemplos de pedras naturais são: mármore, granito, quartzito, ardósia, limestone, travertino, dolomito, basalto e ônix, entre outras.
Tipos de pedras industrializadas
Pedra sintética
É criada em laboratório para imitar as características físicas, químicas e estruturais de pedras naturais. Olívia explica que o processo de produção envolve a recriação das condições naturais de formação das pedras (como pressão e temperatura) em um ambiente controlado. O objetivo é produzir pedras com a mesma composição química e estrutura cristalina das naturais.
A composição química das pedras sintéticas é a mesma das naturais que elas imitam. Por exemplo, um diamante sintético é composto de carbono, assim como um natural. As aplicações são principalmente na joalheria, em que a estética e as propriedades físicas das pedras, como dureza e brilho, são fundamentais.
Pedra sinterizada
A pedra sinterizada é um material industrializado feito a partir de uma mistura de matérias-primas naturais, como quartzo, feldspato, argila e óxidos metálicos, compactados e aquecidos a altas temperaturas em um processo chamado sinterização, como os compostos de quartzo, como Corian e Silestone, e as lâminas sinterizadas, como XTONE, Laminam e Dekton.
“Durante a sinterização, as partículas da matéria-prima são compactadas e aquecidas a temperaturas próximas do ponto de fusão (sem atingir o estado líquido), resultando em uma superfície altamente densa e resistente”, explica Olívia.
Geralmente, é composta por minerais naturais (como sílica, feldspato e outros), que são sinterizados para formar uma estrutura sólida e homogênea, cuja aplicação é ideal para construção e decoração, incluindo revestimentos de paredes e fachadas, pisos, bancadas de cozinha e móveis. As lâminas sinterizadas são conhecidas por sua alta resistência a riscos, calor, manchas e radiação UV, além de serem disponibilizadas em placas de grandes tamanhos.
Pedra industrializada
Este tipo de pedra é um material composto produzido a partir de uma combinação de agregados minerais, resinas, pigmentos e, em alguns casos, outros materiais, como pó de mármore ou quartzo.
Os agregados minerais são misturados com resinas e outros aditivos, moldados em formas específicas e curados sob condições controladas para criar um material uniforme e resistente.
A pedra sintética é composta por uma mistura de materiais, como quartzo triturado, mármore moído, resinas poliméricas e pigmentos, que criam um material homogêneo com propriedades controladas. Alguns exemplos incluem superfícies de quartzo, como Silestone e Caesarstone, superfícies de mármore composto, nanoglass, branco prime e outras pedras artificiais.
Sua aplicação principal também envolve a construção e decoração, especialmente em bancadas de cozinha, banheiros, pisos e revestimentos, já que oferece uniformidade e resistência em ambientes de uso intenso.
Características
As pedras naturais têm uma estética única, como uma “digital”, pois são moldadas em um processo natural. “Sua porosidade nata as torna mais suscetíveis a danos. Seu uso precisa ser avaliado caso a caso e, quase sempre, demandarão a aplicação de produtos para impermeabilização da superfície”, diz Patricia.
Materiais sintéticos também têm suas limitações quanto à aplicação em áreas com insolação e calor, além de alguns serem extremamente frágeis a impacto e abrasão. “Contudo, há aqueles produtos que são muito mais resistentes que os materiais naturais – como as lâminas sinterizadas – em todos os aspectos”, avalia a arquiteta.
Vantagens e desvantagens
Pedras Naturais
Vantagens
- Beleza única e atemporal.
- Alta durabilidade quando bem cuidadas.
- Ampla variedade de tipos e cores.
- Valor agregado ao ambiente.
Desvantagens
- Maior porosidade em alguns tipos, exigindo cuidados especiais.
- Suscetíveis a manchas e riscos em alguns casos.
Usos mais apropriados
- Bancadas de cozinha e banheiro.
- Pisos internos e externos.
- Revestimentos de paredes.
- Elementos decorativos.
Pedras Sintéticas
Vantagens
- Maior resistência a manchas e riscos.
- Menor porosidade, facilitando a limpeza.
- Maior uniformidade na aparência.
- Maior variedade de cores e designs.
- Geralmente mais econômicas.
Desvantagens
Dependendo do fabricante, pode ter aparência mais artificial.
Usos mais apropriados
- Bancadas de cozinha e banheiro.
- Pisos internos e externos.
- Revestimentos de paredes.
- Fachadas.
Pedra natural é melhor?
Há um mito de que as pedras naturais seriam melhores que as sintéticas, mas os profissionais afirmam que tudo depende das necessidades e preferências de cada pessoa. Segundo Olívia, a melhor opção é aquela que atende aos requisitos do projeto, considerando fatores como:
- Orçamento: as pedras naturais de alto padrão geralmente são mais caras que as lâminas, porém as de qualidade são mais caras que uma série de granitos.
- Manutenção: as pedras naturais exigem mais cuidados, como impermeabilização constante, limpeza e cuidados extras com riscos em materiais polidos.
- Aparência: a preferência por uma aparência natural ou mais moderna. “Um projeto rústico, por exemplo, ficaria melhor com pedras naturais do que lâminas sinterizadas”, diz Olívia.
- Características técnicas: a necessidade de alta resistência a manchas, riscos e impactos. O peso estrutural de um projeto e o tamanho e peso das peças. Necessidade de ambiente altamente higiênico, como hospitais, laboratórios e áreas de alimentos.
Caso a caso
Tanto materiais naturais quanto sintéticos precisam ter sua aplicação avaliada caso a caso. Confira algumas dicas dos profissionais:
- Em uma cozinha, por exemplo, Patricia diz que o ideal é um material que resista a impacto, manchas e abrasão. Logo, granitos e alguns quartzitos são excelentes opções. “Mármores não são indicados”, avisa.
- As lâminas sinterizadas são o revestimento com menor porosidade do mercado, segundo Olívia. “Não faz sentido um chef usar uma tábua sobre uma banca de lâmina sinterizada, que é mais higiênica, mais resistente e, por isso, muito mais adequada ao preparo de alimentos. É o mais durável, pois não se altera na presença de intempéries, fogo, chuva, raios UVA e UVB”, diz.
- Em banheiros, quase todos os materiais podem ser aplicados, segundo Patrícia. Porém, todo material demandará alguma atenção e cuidados específicos.
- Compostos de quartzo podem desbotar com a incidência solar. “Mas são excelentes opções quando se deseja um material de aspecto compacto e uniforme”, afirma Patricia.