Acaba a temporada de chuvas e o pássaro João-de-barro (o ‘construtor’) se prepara para construir seu ninho: a água molhou a terra criando material para começar o seu trabalho.
Barro, palha, raízes e outros galhos são unidos até formar uma massa argilosa que é esculpida pelo João-de-barro e sua parceira gerando uma espécie de forno espesso onde, muito em breve, a fêmea colocará seus ovos.
A estrutura construída – em poucas semanas – é tão sólida depois de secar e endurecer que pode suportar climas adversos e permanecer em um bom estado durante anos, transformando-se em sua casa por várias estações.
Este pássaro atua como o melhor dos arquitetos, respondendo a uma necessidade específica para construir uma estrutura pequena, firme e duradoura, que utiliza os materiais que estão a sua disposição cumprindo sua função com perfeição… inclusive permitindo que seja usada posteriormente por outros animais.
Isso não seria arquitetura sustentável? A natureza faz arquitetura e parece ter muito a ensinar (ou lembrar).
O ninho é erguido pelo casal de pássaros que procura galhos grossos e outros suportes firmes para começar a unir os materiais. A massa é formada no mesmo ‘terreno’ para logo construir uma base que definirá a orientação da estrutura.
A partir desta base ergue-se a camada exterior em semicírculo, conformando uma abóboda com abertura lateral.
Esta porta é fechada para terminar de formar a camada interior que depois será estofada pelo casal com penas e folhas. As paredes interiores são alisadas com o pico e outros galhos, aproveitando que o barro ainda está úmido.
Por fim, o interior é dividido por uma parede secundária que define um lugar onde a fêmea colocará seus ovos (3 a 6 unidades) na sua parte mais profunda e reservada.
A estrutura é finalizada em um prazo de 6 a 8 dias em condições favoráveis, mas pode estender-se por mais semanas.
Fotografias por Aves Pampa / Barro y Ganas / Aves de Uruguay / J. Simón Tagtachian / Naturaleza y Cultura Argentina