O ciclo de vida das tendências no design e na arquitetura não é rápido como na moda, em que coleções mudam a cada estação.
“É difícil uma ruptura, as mudanças vêm aos poucos”, diz Luiza Loyola, da WGSN, especializada em previsão e análise de movimentos no consumo.
Mas é possível apontar alguns caminhos promissores que têm sido seguidos por arquitetos e designers e devem permanecer no horizonte. Por exemplo a busca por sustentabilidade, segundo Loyola.
Nessa lógica, conforto e funcionalidade imperam e aposentam o mero enfeite.
Isso se reflete no uso de materiais de textura agradável ao toque, em móveis multifuncionais feitos sob medida -principalmente- para imóveis compactos e na escolha de peças criadas artesanalmente ou customizadas.
Inspirações são válidas, mas, acima de qualquer modismo, o que importa é personalizar o projeto.
“É preciso valorizar o que o morador gosta e sua história”, afirma a designer Marina Linhares. Nesse sentido, criações originais e únicas devem ganhar destaque.
Graças a redes sociais e ao aumento de conteúdos acessíveis sobre decoração, o repertório do público está mais refinado.
Lidar com consumidor informado é um novo desafio para profissionais, diz Sueli Garcia, professora de design de interiores do Centro Universitário Belas Artes.
Quanto menos um projeto estiver preso à moda do momento, mais resistirá ao tempo.
E, como reformas são caras e complexas, quanto mais a decoração tiver a cara do morador, melhor, diz Mariana Andersen, do escritório Casa 14 Arquitetura.
JÁ CHEGA
Excesso de adornos
Cortinas, tapetes espessos, babados e muitos elementos decorativos misturados não combinam com a realidade de apartamentos cada vez mais compactos, diz Sueli Garcia, professora de design do Centro Belas Artes. Minimalismo e funcionalidade são a bola da vez
Papel de parede
Revestimentos de parede que imitam tijolo, madeira e outros materiais, além dos estampados em geral, estão caindo em desuso, segundo a designer de interiores paulistana Juliana Torres. “Marcam muito os projetos, fica cansativo”, afirma. Ela indica painéis de madeira e cimento queimado para as paredes
Decoração étnica
O uso de tecidos orientais, mobiliário tailandês e elementos africanos na decoração cansou, ficou “over”, defende Lia Strauss, vice-presidente da Associação Brasileira de Designers de Interiores. “Posso usar uma peça, mas não ornar a casa inteira dessa forma”, diz. “A tendência é usar arte brasileira”
Orquídea branca
A solitária phalaenopsis branca perde a vez para arranjos com diferentes espécies, cuja missão é tornar a decoração “menos simétrica e mais espontânea”, na avaliação da arquiteta Patricia Martinez. “Vasos com a flor foram muito usados, não dá mais, ficou careta”, diz
Cobre
Como cor ou como material, ele dominou tudo de forma rápida. Esteve presente em objetos de decoração e acabamentos, puxadores de porta, luminárias, metais de banheiro. “Exageraram na dose, ficou banalizado”, observa a designer de interiores Juliana Torres. O preto, o cromado e o dourado são alternativas para o cobre, diz ela, principalmente em banheiros
Tudo em madeira
O excesso de madeira em projetos de decoração ficou batido, de acordo com o arquiteto Guilherme Torres. “Os profissionais têm que ser mais inventivos, sem apostar em apenas um tipo de produto”, observa. Segundo ele, ambientes desse tipo correm o risco de ficarem datados
VAI CHEGAR
Contraste e mistura
A nova ordem, em projetos de interiores, é fazer combinações equilibradas de diferentes tons de cores frias, materiais e texturas. “É importante criar um jogo de contrastes no ambiente, sem focar em uma só matéria-prima”, explica o arquiteto Guilherme Torres
Tapete com formas geométricas
Saem as texturas lisas e as cores apagadas, entram os tapetes em alto relevo, com formas geométricas e contrastes, segundo a arquiteta Gabriela Bordin, da Bordin & Soares Interiores. Revestimentos em alto relevo também devem ganhar espaço, de acordo com ela
Tendências de decoração e arquitetura para 2018
Madeira clara
Os tons escuros do material já estiveram em alta. “Mas deixam o ambiente muito pesado, enquanto as pessoas têm buscado mais leveza e tranquilidade no dia a dia”, diz a designer de interiores Ana Sanches. Madeiras claras, segundo ela, são cada vez mais comuns no mercado
Porcelanato grande
Espaços integrados exigem porcelanatos com mais de 60 centímetros. “Os tamanhos menores saíram de moda, muitas fabricantes nem os produzem mais”, explica o arquiteto Felipe Luciano, do Estudio FCK. “As pessoas buscam ter uma sensação de amplitude nos ambientes”
Objetos artesanais
Itens decorativos e matérias-primas produzidos de forma artesanal, tanto por questões sustentáveis quanto pelo valor sentimental, estão em alta, avisa Luiza Loyola, especialista da WGSN, especializada em tendências. “As pessoas querem enfeites que tenham história e sejam únicos”, acrescenta a designer Marina Linhares
Brasilidade
Madeiras certificadas, fibras e outros itens brasileiros são caminho sem volta por aqui. “Vai na contramão do neoclássico, que imita uma estética de Miami ou de Paris”, afirma o arquiteto Guto Requena. O apelo sustentável coloca projetos “raiz” em voga. “Clientes mais informados buscam materiais com ciclo de vida conhecido”, diz ele
via: http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/12/1946732-projetos-sustentaveis-e-pecas-artesanais-ganham-destaque-em-2018.shtml
[…] Projetos sustentáveis e peças artesanais ganham destaque […]