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Utrecht, a pequena cidade bike-friendly na Holanda

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Cidade holandesa de Utrecht ensina que tornar as cidades mais amigáveis à bicicleta reduz os gastos anuais com saúde e programas sociais.

 

Em agosto, quando funcionários municipais liberaram o primeiro setor do maior estacionamento de bicicletas do mundo em Utrecht, esta pequena cidade no centro da Holanda, a sensação de felicidade durou pouco.

Ao mesmo tempo em que as seis mil novas vagas do estacionamento de ponta para bicicletas eram ocupadas rapidamente, engenheiros da cidade se concentravam no trabalho que têm pela frente: criar mais milhares dessas vagas e centenas de quilômetros de ciclovias para garantir que os moradores de Utrecht possam viajar confortavelmente de bicicleta.

“Descobrimos que se você construir, as pessoas vão usar“, conta Lot van Hooijdonk, vice-prefeita, falando sobre a aparentemente interminável demanda pública por infraestrutura para bicicletas.

 

Cyclists cross an intersection near the Central Station of Utrecht, The Netherlands, Aug. 22, 2017. Utrecht is the Netherlands’ fastest growing city and also one of the world’s most bike-friendly places in one of the world’s most bike-friendly countries. (Ilvy Njiokiktjien/The New York Times)

Fotos: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

 

Com 330 mil habitantes, Utrecht é a quarta maior cidade da Holandae também a que mais cresce. Além disso, é um dos lugares mais amigáveis à bicicleta em um dos países que mais incentivam esse meio de transporte no mundo.

Recentemente, a cidade ocupou o lugar de Amsterdã em um respeitado ranking dos municípios mais amigáveis às bicicletas e perdeu apenas para Copenhague na Dinamarca, que tem mais de duas vezes o seu tamanho.

“O que os dinamarqueses e holandeses fazem agora é o que as pessoas fizeram na maioria das cidades do mundo durante décadas”, afirma Mikael Colville-Andersen, especialista em design urbano e CEO da Copenhaguenize Design Co., que libera o índice bienal das cidades mais amigáveis às bikes.

No resto da Holanda, mais de um quarto de todas as viagens são feitas de bicicleta. E, na última década, apesar de cortes em outros setores, o governo federal tem construído e investido em infraestrutura para bicicletas.

 

People park in the world’s largest underground bicycle parking garage in Utrecht, The Netherlands, Aug. 22, 2017. Utrecht is the Netherlands’ fastest growing city and also one of the world’s most bike-friendly places in one of the world’s most bike-friendly countries. (Ilvy Njiokiktjien/The New York Times)

Fotos: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

 

Defensores dizem que o investimento anual de aproximadamente 500 milhões de euros se cobre por meio da redução com os gastos em saúde, programas sociais e outros.

O aumento na infraestrutura tem impulsionado o crescimento do número de pessoas que usam suas bikes diariamente e contribuído para a redução de acidentes de carros e de bicicletas.

A promoção do uso de bicicletas costumava ser uma questão dos partidos políticos mais progressistas; hoje, com os sucessos recentes, há um amplo acordo político.

“Agora todos os políticos levam o ciclismo a sério”, garante Mark Wagenbuur, conhecido blogueiro e ativista da bicicleta.

A special section in a new underground bike parking garage for bigger bikes, which usually have children’s seats attached, in Utrecht, The Netherlands, Aug. 22, 2017. Utrecht is the Netherlands’ fastest growing city and also one of the world’s most bike-friendly places in one of the world’s most bike-friendly countries. (Ilvy Njiokiktjien/The New York Times)

Foto: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

 

Em um país onde há mais bicicletas (22,5 milhões) do que pessoas (18 milhões), o uso diário cresceu cerca de 11 por cento na última década, principalmente devido à introdução de bicicletas elétricas, que prolonga o tempo que ciclistas mais velhos conseguem usar o transporte em duas rodas.

Acidentes mortais de bicicleta diminuíram 21 por cento nas últimas duas décadas, de acordo com estatísticas estatais. Muito desse resultado se deve ao fato de que há menos competição com carros e outros veículos automotores – quanto mais pessoas pedalando, mais seguro fica.

Para as finanças do país, o mais importante é que a preferência dos holandeses pela bicicleta pode poupar à economia 19 bilhões de euros anualmente, de acordo com um estudo recente realizado na Universidade de Utrecht e publicado no American Journal of Public Health. O estudo sugere que os hábitos vigorosos de ciclismo na Holanda impediram 6,5 mil mortes prematuras anualmente.

“O ciclismo economiza custos médicos já que contribui para os níveis de atividade física geral das pessoas. Fazer atividade física suficiente previne muitas doenças não transmissíveis, incluindo a obesidade, diabetes tipo dois, doença cardíaca coronária e alguns tipos de câncer”, escreveu o Dr. Carlijn Kamphuis, autor do estudo, em um e-mail.

Frans Jan van Rossem, cabeça do programa de bicicletas de Utrecht, colocou de outra maneira. “Nossa receita é: pessoas saudáveis, menos trânsito e uma bela vida”, declarou.

 

The Dafne Schipper bike bridge over the Amsterdam Rhine River, which incorporates the roof of a school, in Utrecht, The Netherlands, Aug. 22, 2017. Utrecht is the Netherlands’ fastest growing city and also one of the world’s most bike-friendly places in one of the world’s most bike-friendly countries. (Ilvy Njiokiktjien/The New York Times)

Utrecht é um dos lugares mais bike-friendly do mundo. Foto: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

 

Sob a responsabilidade de van Rossem, a cidade expandiu sua rede de bicicletas e investiu em inovações que levaram o número médio de viagens diárias de bicicleta a 125 mil. A cidade estima que isso traga 250 milhões de euros em benefícios socioeconômicos, entre eles a economia com cuidados de saúde, a redução da poluição atmosférica e o aumento da produtividade.

Além de sua dimensão, a nova estação central de garagem de bicicletas em Utrecht apresenta várias inovações. Os ciclistas podem entrar e achar uma vaga ainda em cima da bicicleta. Sensores espalhados pela estação dão informações em tempo real, tornando muito mais fácil encontrar um lugar livre na hora do rush.

O custo do projeto, 40 milhões de euros, foi pago não apenas pelo município, mas também pelos serviços de trem regional e nacional, que reconhecem que, com o crescimento dos lugares para se deixar a bicicleta, há também um aumento nos usuários dos trens.

“Andar de bicicleta é como uma mágica: só tem vantagens”, aponta van Hooijdonk que, como a maioria dos residentes de Utrecht, vai para o trabalho sobre duas rodas.

 

Ciclista no maior estacionamento de bicicletas do mundo, em Utrecht, na Holanda. Fotos: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

Ciclista no maior estacionamento de bicicletas do mundo, em Utrecht, na Holanda. Fotos: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

Fonte: Utrecht, a pequena cidade bike-friendly na Holanda

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