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Incêndio na Sociedade Água Verde destrói parte da história do bairro curitibano

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Clube centenário parcialmente destruído por incêndio nesta terça-feira (7 de novembro) foi construído nos primórdios do século 20 por operários das comunidades de imigrantes

incêndio que atingiu a Sociedade Recreativa Internacional Água Verde  na última terça (7) levou consigo parte da história de Curitiba. As instalações do clube, popular pelos bailes tradicionais de quinta a domingo, guardam 112 anos de história do bairro e das comunidades de imigrantes italianos, alemães, poloneses, portugueses e espanhóis, que fundaram a sociedade.

Préstito desfilando ao som da banda militar pela antiga Estrada do Portão, hoje Avenida República Argentina, a fim de participarem da inauguração da Sociedade Internacional da Água Verde no dia 1.º de janeiro de 1905. Ao fundo, o espaço da atual Praça do Japão. Foto: Reprodução/Gazeta do Povo

 Desfile cívico ao som da banda militar pela antiga Estrada do Portão, hoje Avenida República Argentina, a fim de participarem da inauguração da Sociedade Internacional Água Verde em 1905. Ao fundo, o espaço da atual Praça do Japão. Foto: Reprodução/Gazeta do Povo

Esses imigrantes europeus, que compunham grande parte da população do Água Verde no início do século 20, reuniam-se quase todo fim de semana no bosque da residência da família Moletta, onde é hoje o início da Avenida República Argentina, esquina com a Iguaçu, para festejos com direito a churrasco e danças. Desta união, surgiu a iniciativa de fundar a sociedade, que iria auxiliar esses operários e suas famílias com atividades culturais e de recreação.

O espaço foi fundado no dia 1º de janeiro de 1905, e, desde lá, recebeu diferentes denominações – inicialmente “Sociedade Beneficente”, foi transformada em “Sociedade Operária Beneficente” em 1931, até que, em 1992, a assembleia com os sócios decidiu pelo nome que vigora até hoje. Antigamente, o clube funcionava como um elo entre a comunidade e o governo, oferecendo atendimento médico a preços reduzidos e auxílio funeral. Até cinema havia na sede.

O ano de 1953 foi inesquecível para o clube. O então Presidente da República, Getúlio Vargas, acompanhado do governador do estado na época, Bento Munhoz da Rocha, foram visitas de honra no espaço, que recebeu um grande baile em homenagem ao centenário do Paraná.

Vista aérea do clube, antes de ter sido parcialmente destruído pelo incêndio. Foto: Reprodução/Facebook

Vista aérea do clube, antes de ter sido parcialmente destruído pelo incêndio. Foto: Reprodução/Facebook

Incêndio

O incidente na última terça-feira destruiu 20% da edificação, o que inclui o principal salão de festas do clube, de acordo com Almir Scremin, presidente da sociedade. Embora o salão tenha 60 anos, o local passou por várias reformas e os alvarás estavam todos em dia, de acordo com o Corpo de Bombeiros. A causa do incêndio ainda é desconhecida. Scremin acredita que um curto circuito pode ter sido a causa do incidente.

Idosos são o público-alvo dos bailes. Foto: Reprodução/Sociedade Água Verde

 Idosos são o público-alvo dos bailes. Foto: Reprodução/Sociedade Água Verde

“O sentimento é doloroso, a ficha começa a cair no segundo, terceiro dia. Fui para o clube sem nem entender direito o que estava acontecendo”, lamenta. Mas Scremin não deixa a positividade de lado, lembrando que “a vida continua”. Ele garante que a reconstrução será feita o mais depressa possível, e informa que os sócios podem continuar frequentando as atividades do clube – que oferece piscinas cobertas, sala de jogos, cancha de bocha e sauna. Apenas os bailes estão suspensos até a reforma do salão.

“Os clubes da cidade estão se solidarizando, então isso nos dá muita força. A Sociedade Água Verde é muito importante para o bairro, para quem está na região e para pessoas de toda cidade”, garante, frisando que atualmente o clube atende principalmente a melhor idade, oferecendo serviços de suporte e entretenimento.


Publicado em: Gazeta do Povo – Incêndio na Sociedade Água Verde destrói parte da história do bairro curitibano

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