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Rua XV em Curitiba, conheça a riqueza arquitetônica

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Em apenas três quadras a rua oferece um conjunto encorpado de construções ecléticas, art-déco e modernistas. É só parar para observar

Para quem gosta de cidade tranquila, sem movimento, o Carnaval em Curitiba é um prato cheio. A capital tem desfile de escola de samba e eventos, mas a maioria das pessoas parte para outros lugares aproveitando o feriadão e as ruas ficam praticamente desertas – quase sem carros e pedestres. Perfeitas para observar com atenção o que passa despercebido na pressa do cotidiano. Aproveitando o momento, a reportagem de HAUS saiu com o arquiteto Guilherme de Macedo, do escritório Lona Arquitetos, e com o colaborador do escritório Breno Burrego para um passeio arquitetônico pela Rua XV.

O ponto de partida escolhido não foi o relógio da Praça Osório, a Boca Maldita ou o bondinho. Não estava na parte mais turística da rua. Para inciar a caminhada, eles optaram por uma parte mais próxima à Praça Santos Andrade, voltada ao comércio e que reúne em poucas quadras exemplares de vários momentos importantes da arquitetura de Curitiba. São construções art-déco, ecléticas, neo-góticas e modernistas convivendo lado a lado.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

No cruzamento entre a XV e a Av. Marechal Floriano, em frente a um painel de Poty Lazzarotto, está localizado um edifício de esquina projetado por Rubens Meister, responsável pelo Teatro Guaíra. É possível perceber semelhanças com outras obras do engenheiro, como os pilares em cruz que também estão na Rodoferroviária, de sua autoria. “Outra marca de Meister é o uso dos materiais crus, ele não tenta escondê-los”, aponta Burrego. O recuo, obrigatório pelo Plano Massa para ampliar a área do pedestre, e o pé-direito alto para acomodar comércio no térreo também se fazem presentes.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Um pouco adiante, em direção à Santos Andrade, os dois edifícios da rede Marisa. Lado a lado, um é eclético, com uso de ferro na fachada, e, o outro, art-déco, cheio de geometrização e verticalidade. “Na época do ecletismo, ainda não havia tecnologia suficiente para instalação de grandes volumes saindo do prédio”, explica Macedo. Por isso, há apenas pequenas saídas com guarda-corpos em metal.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Seguindo o caminho, está um prédio de 1893 que sedia uma agência do Itaú. Eclético com traços neogóticos, traz elementos característicos do estilo, com destaque para as esquadrias de madeira nas janelas.

“A partir desse ponto, começa uma predominância de casarões das décadas de 1920 e 1930, bem eclética”, afirma Macedo. Um dos exemplos é o edifício que abriga a Confeitaria das Famílias.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Do outro lado da rua, dois edifícios grudados permitem uma comparação clara de estilos. Um, eclético, é uma junção de elementos de vários estilos, com arcos e floreiras em relevo. O outro tem a sobriedade do art-déco, com mais geometria. Neste último, que já abrigou as Livrarias Ghignone, a porta de madeira original foi mantida, mas não leva a lugar algum. Ao lado, uma placa com o poema “A Porta”, de Nireu Teixeira.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Adiante, no cruzamento com a Rua Barão do Rio Branco, quatro imponentes se encaram, cada um em uma ponta a esquina. Três edifícios art-déco de frente para um eclético. Um deles é a antiga sede do Clube Curitibano, com uma marquise de quase dois metros. Em frente, outro com a estética tem uma loja da Tim no térreo, com muita geometria e verticalização. “Nesse é legal perceber a apropriação do edifício: cada andar optou por um tipo de grade. Umas são horizontais, outras, verticais”, ressalta Macedo.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Ao virar para o sentido oposto da XV, outro edifício art-déco mostra como o concreto armado permitiu o aproveitamento das esquinas e a brincadeira volumétrica. Todos os três “encaram” o prédio eclético da outra esquina, com mais ornamentos e a inscrição da data de construção: 1926.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Sem sair do lugar, dá para ver o Edifício Augusto Hauer, uma das marcas de uma estética mais modernista na rua. Possui pilares em formato triangular e janelas maiores. Suas diferenças volumétricas promovem sombreamentos.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Adiante, um prédio que pode ser considerado proto-moderno, com janelas de pano inteiro de vidro e frisos que evitam que elas fiquem manchadas durante as chuvas. “Isso mostra um capricho na construção”, afirma Macedo.

Prédios e detalhes arquitetônicos da Rua XV de Novembro e Rua Marechal Deodoro, em Curitiba. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

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FONTE: Gazeta do Povo – Haus – Siga o roteiro e surpreenda-se com a riqueza arquitetônica da Rua XV

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